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OS DONOS DO GOLPE

22/12/2016

O golpe de que é vítima o povo brasileiro neste momento não é de quem o executou. O golpe é de quem o encomendou. É de quem o financiou. É dos capitalistas.

Eles contrataram os realizadores práticos do golpe, tal como se deu com o golpe de 64, quando, principalmente, militares foram contratados para concretizarem uma das maiores traições ao nosso país.

Os financiados do golpe atual, de 17 de abril, são parlamentares eleitos com financiamento privado de campanha. Contratados para atenderem a interesses de banqueiros e outros grupos econômicos.

Sem o dinheiro de banqueiros e outros grandes capitalistas não aconteceria o golpe.

Não se deve confundir os donos do golpe com os agentes do golpe. Os agentes do golpe da área parlamentar, por exemplo, usaram um mandato – que não é seu, já que o venderam a empresários durante sua campanha eleitoral – para praticarem uma traição encomendada pelos seus financiadores, contra o Brasil e seu povo. Receberam dinheiro do poder econômico para seguirem suas ordens. Uma dessas ordens foi a realização do golpe de 2016, para derrubar uma presidente democraticamente eleita, porque seus senhores precisavam desse crime, para impor um programa econômico e político – de acordo com os seus grandes interesses – o qual não poderia aceito pelo governo petista.

Inicialmente, nada ficou claro para milhões de ingênuos, embriagados pelos entorpecentes ideológicos da Rede Globo e grandes jornais. Escondia-se o objetivo dos donos do golpe.

Agora seus agentes o escancaram. Impõe-se um pacote de medidas de retrocesso inimaginável há pouco tempo atrás, com, praticamente, o fim da Previdência; a destruição de direitos, como educação e saúde; destruição da CLT; e o crime neocolonialista de privatização de empresas públicas, como a Petrobras e outras. Tudo isso, porque os donos do golpe querem trabalhadores sem direitos, conseguindo mais lucros às custas de maior exploração de seus empregados. Tudo isso, porque os donos do golpe exigem que o papel do Estado seja apenas arrecadar mais de um trilhão de reais por ano, a serem destinados a cofres de bancos privados de todo o mundo, na forma de juros e outros encargos de uma dívida pública sob suspeita de fraudes. Tudo isso, porque os donos do golpe querem manter-se impunes frente a crimes de sonegação fiscal, que chegam a atingir, anualmente, a importância de 500 bilhões de reais. Tudo isso, porque os donos do golpe não querem a aplicação de impostos sobre grandes fortunas de qualquer tipo.

Agora, que os donos do golpe e seus agentes não conseguem esconder mais seus objetivos, a tendência é de que se agigantem as lutas do nosso povo contra eles, como aconteceu contra os golpistas de 64.

Roberto Silva

CRIME DE TRAIÇÃO NO SENADO

19/12/2016

– Sob a proteção de Deus está aberta a sessão, anunciou o presidente do Senado. Iniciava-se a discussão do Projeto da Traição. Uma peça cheia de pompas, toda enfeitada de verborreia do chamado vocabulário jurídico. Um espetáculo de papel timbrado. Tudo solene. Solene, para matar a Petrobras e seu filho maior, o Pré-Sal, uma criatura que demorou 30 anos de dinheiro e tecnologia nacionais para vir ao mundo.

O primeiro a pedir a palavra foi o senador Serrador, para informar que, a seu convite, “nos honram com sua presença, as senhoras Chevron, Esso, Shell, British Petroleum e Repsol.” Aí, uma voz de inquietação ecoa : “peço a palavra, senhor presidente, não sei se ‘pela ordem’ ou ‘uma questão de ordem'”.

– Com a palavra, o senador Patriota, anunciou o presidente da Casa.

– Senhor presidente, sinto a necessidade de dizer a Vossa Excelência que o Brasil não é uma colônia. Não creio no que estou vendo ! Que fazem estas senhoras aqui ? Peço-lhe, em respeito a nosso país, a retirada destas senhoras do recinto desta Casa…

O presidente, com sua calma de diplomata, de imediato tratou de responder à ‘questão de ordem’ ou ‘pela ordem’ do senador Patriota :

– Senador Patriota, respeito seu direito de contraditar, mas não posso atender a seu pedido : trata-se de senhoras que merecem nosso total respeito; além disso, são convidadas do autor do importantíssimo projeto a ser votado, ainda hoje, nesta Casa, e aproveito o momento, senador, para, respeitosamente, discordar das reiteradas afirmações de Vossa Excelência de que esta maravilhosa iniciativa do senador Serrador deve ser chamada de Projeto da Traição, como faz o senador Petão. Peço a Vossa Excelência que se acalme. Estamos numa democracia !

O senador Petão também levantou a voz :

– Concordo com o senador Patriota : estas senhoras não podem ficar aqui. Elas já tentaram entrar em vários parlamentos pelo mundo afora… foram expulsas… nenhum amante deste país aceita este tipo de coisa !

– Senador Petão, sejamos elegantes com as convidadas de um colega que merece total respeito de todos nós nesta Casa. Sobre suas palavras, fica-lhe dito o que disse ao nobre senador Patriota – manifestou-se o presidente.

O presidente abriu a palavra para discussão da matéria :

– Com a palavra, o ilustre senador Serrador, autor do projeto.

Com a calma de traidor, de pele morta e congelada, Serrador estava programado para um discurso de vende-país. De olhos centrados nas suas convidadas, soltou o verbo :

– Senhor presidente, o apelo das ruas e da Nação exigem grandeza de seus representantes. Os investidores internacionais querem atitudes responsáveis de nossa parte; eles estão do nosso lado, mas, desde que ajamos com a racionalidade que a realidade nos impõe. A Petrobras não tem condições de ser operadora única, e o petróleo do Pré-Sal tem de sair do fundo do mar. Senhor presidente, nobres colegas desta egrégia Casa, as grandes petroleiras de todo o mundo, nossas parceiras do progresso, esperam mudança na nossa obsoleta lei de petróleo. O futuro do Brasil está nas nossas mãos. Estamos em plena globalização. O Brasil precisa se modernizar !

As cinco senhoras convidadas aplaudiram-no de pé, uma com uma bandeirola do Centro do Capitalismo Mundial.

O traidor, com seu teatral discurso, defendia a privatização da Petrobras e do Pré-Sal, sem usar o verbo privatizar. Ocultava o verbo para se ocultar. Usou palavras adequadas à sua tentativa de ocultamento do seu crime contra o povo brasileiro.

Aí, tentando controlar emoções e sentimentos, o senador Patriota pediu a palavra ‘pela ordem’, ou para ‘uma questão de ordem’ :

– Presidente, peço-lhe, mais uma vez, agora de público, que permita a entrada nesta Casa da senhora Soberania Nacional. Desde as nove horas da manhã, ela tenta entrar e não consegue. Presidente, Vossa Excelência é um democrata. Sabe que isso não está certo. É um direito dela !

O presidente, autocalculado para estas horas, abriu o Regimento Interno do Senado, na página qualquer uma, e respondeu ao solicitante :

– Vossa Excelência, senador Patriota, merece todo o meu respeito e admiração, é um homem responsável, equilibrado, sabe que não posso atender este pedido.

– Por quê ? perguntou o senador Patriota.

– Explico, nobre senador, reagiu o presidente da Egrégia Casa. É que a Senhora Soberania Nacional, em desobediência a esta magna casa de lei, não vai ficar quieta, calada. É coisa de sua índole. Inclusive, ilustre senador, acabo de ser informado de que esta senhora está lá na portaria desta Casa, chamando o nobre senador Serrador, e outras respeitáveis figuras do Senado Federal, de traidores, de lesa-pátria, de neocolonialistas… Senador Patriota, a senhora Soberania Nacional é muito bocuda. Diz o que lhe vem à cabeça, sem medir palavras. Repito, senador Patriota, Vossa Excelência é respeitado por todos nós aqui, mesmo discordando de suas ideias, mas, esta senhora aqui não entra. A democracia tem limite ! Além disso, senador Patriota, a senhora Soberania Nacional iria perder tempo aqui, já que a maioria dos digníssimos senadores já decidiu, há muito tempo, apoiar o projeto do eminente senador Serrador – concluiu.

– Lamentável, senhor presidente, protestou o senador Patriota. Minha convidada não pode entrar, mas as convidadas do senador Serrador podem, com direito a rirem do nosso povo. Por quê ? Um sorriso amarelo-descorado foi a resposta do presidente daquela casa de leis.

Face à decisão do dirigente máximo do Senado, as senhoras Chevron, Esso, Shell, British Petroleum e Repsol abraçaram-se umas às outras, emocionadas.

A sessão a todo vapor. Veio a votação. Simples confirmação da traição anunciada. Agora, as condições para a privatização da Petrobras, pedaço a pedaço, passavam a ser lei. A campeã mundial em tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas acabava de perder a condição de operadora única na produção de petróleo e, em consequência, a indústria nacional, dependente dela, passaria a caminhar para o seu desaparecimento. Tudo isso, para que a Petrobras perca, cada vez mais, o acesso a uma área petrolífera que ela mesma descobriu. No lugar da grande obra da campanha “O Petróleo é Nosso”, a empresa-orgulho do povo brasileiro, agora poderão apoderar-se do petróleo nacional, sem restrições, as grandes petroleiras internacionais, sem a obrigação de obterem os equipamentos para a produção petrolífera no mercado nacional, como sonda, navios e tantos outros da área de exploração e produção de petróleo. Como parte do crime, foi aprovado também o fim do direito de a estatal brasileira ter a garantia de participar de, no mínimo, 30% dos contratos decorrentes de leilões para a exploração de petróleo no Pré- Sal. E, assim, não só a Petrobras, mas também o Pré-Sal, seu filhotão de centenas de barris de petróleo, são arrastados para mãos estranhas ao corpo de nosso país. Uma criminosa vitória de senhoras de guerras contra povos do Oriente Médio, da África, da América Latina e de outras partes do mundo.

Com a frase regimental “Sob a proteção de Deus, dou por encerrada a sessão”, a farsa chegava ao seu fim, com todos os traidores em regozijo; enquanto a senhora Soberania Nacional continuava sendo ameaçada de ser presa por um guarda brutamontes, na entrada da Casa do Povo.

O senador Patriota, com a altivez de suas convicções, começou a retirar-se do Plenário e, com ele, seus colegas de sentimentos e ideias. Entretanto, tiveram de conter os passos :

O pior dos piores acabava de acontecer. Com alegria nos olhos, o dirigente máximo do Senado anunciou :

– Está convocada uma sessão extraordinária para daqui a 15 minutos, para uma justa homenagem a seis grandes figuras, pelos seus incomparáveis serviços prestados ao Brasil. E já aproveito para informar a esta Casa que o Primeiro Mandatário, senhor Tremerão, enviou-me uma mensagem desejando pleno êxito a esta histórica sessão solene e, de antemão, dizendo aos homenageados que tem por eles enorme admiração, nos quais tem-se inspirado para dirigir esta grande nação. O primeiro mandatário esclarece ainda em sua mensagem que o motivo de sua ausência é o fato de ter de viajar para Washington, para uma importante reunião sobre o futuro do Brasil.

Para reforçar o já dito, o chefão do Senado leu mais algumas palavras laudatórias do senhor Tremerão aos homenageados, publicadas no jornal Global. E, por fim, prometeu entregar cópia do escrito do nobre mandatário a cada uma das “seis veneráveis figuras às quais temos o elevado prazer de homenagear”.

As emocionadas palavras do nobre presidente duraram exatamente 15 minutos. Coisa de alma disciplinada !

Enfim, aberta a tal sessão, “sob a proteção de Deus”. Com aplausos de quebra-mãos, os 6 homenageados – que se encontravam junto à entrada do Plenário – foram chamados a tomarem assento à Mesa Diretora da Casa.

Eram eles : Joaquim Silvério dos Reis; seu filho mais querido, Fernando H. Cardoso dos Reis; Juarez Távora; Filinto Müller; Carlos Lacerda e Castelo Branco.

Novamente ele, o senador Serrador ! Coube-lhe fazer o discurso da cerimoniosa homenagem. Soltou o pulmão :

De olhos fixos em Joaquim Silvério dos Reis, disse-lhe que “não existe ninguém no Brasil que o admire mais que eu” “e digo ainda, senhor Silvério, que esta Casa, através da maioria absoluta de seus membros, sente-se honrada em homenagear Vossa Magnificência e estes seus cinco fiéis seguidores, que ora nos prestigiam com a sua presença…”

Tudo tem lá seu limite. O ser humano também. O senador Patriota chegou ao seu :

– Vossa Excelência, senador Serrador, é um canalha ! Caiu sua máscara aos olhos de todo o nosso povo ! Vossa Excelência é um traidor de nosso país ! Vossa Excelência traiu, com o máximo de sadismo, a pátria de Tiradentes !

– Viva a senhora Soberania Nacional ! Viva a senhora Soberania Nacional ! Viva a senhora Soberania Nacional ! – bradou.

De repente, sem palavras, silente, o senador Patriota, mais uma vez, dá corda à sua indignação : olho nos homenageados, olho no senador Serrador. Olhar de condenação. Deu-lhes altivamente as costas.

Finalmente, calado, começou a soluçar. Soluços sem trégua. Com passos apressados, caminhou para o banheiro, e vomitou. Seu último protesto.

Aí, de volta às palavras, foi logo dizendo :

– “Às vezes, é preciso vomitar”.

SOBRE OS HOMENAGEADOS :

1) Joaquim Silvério dos Reis – traidor de Tiradentes.

2) Fernando H. Cardoso dos Reis – vendedor do Brasil

3) Filinto Müller – traiu Luís Carlos Prestes e entregou sua esposa à Alemanha Nazista.

4) Juarez Távora – inimigo ferrenho da campanha “O Petróleo é Nosso”.

5) Carlos Lacerda – líder da conspiração contra Getúlio que o levou à morte, e defensor de ações dos Estados Unidos contra o governo Goulart.

6) Castelo Branco – líder militar do golpe de 64, associado a agentes do imperialismo norte-americano, interessado no fim da democracia no Brasil.

Antônio de Freitas

O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E O GOLPE

12/12/2016

Como Eduardo Cunha era acusado de claros crimes de corrupção, ficava claro que ele não tinha condições de estar à frente do processo de impeachment da presidente Dilma, na condição de presidente da Câmara dos Deputados. Aguardava-se, assim, que o STF o afastasse do cargo, face a fato tão óbvio. Lamentavelmente, não o fez. E o golpe parlamentar acabou se efetuando sob a direção do Al Capone brasileiro.

Agora, mais uma do STF : Renan Calheiros deveria ser afastado da presidência do Senado, por ser réu em processos contra si. Foi mantido no cargo.

Por quê ? Bom, se Calheiros saísse da função de presidente do Senado, com certeza – a PEC 55, de retirada de recursos para a Educação e a Saúde, portanto, uma iniciativa criminosa contra a classe trabalhadora – não entraria em votação. Desta forma, manter Renan à frente do Senado significava garantir a aprovação de tal projeto dos banqueiros e outros grandes grupos econômicos, com os quais o governo golpista está comprometido. Assim sendo, ao votar pela permanência de Calheiros, no comando do Senado, apesar das acusações de crimes existentes contra ele, a maioria do STF, por tabela, votou na PEC 55, contra os interesses do povo brasileiro.

Na realidade, com essas e outras, o STF deixa claro de que lado está. Oxalá, frente a este fato, muita gente passe a entender o caráter de classe do Poder Judiciário na sociedade capitalista, inclusive, por que a burguesia o criou, consoante seus interesses.

Roberto Silva

RACHADURA NO GOLPE

07/12/2016

Todas as direitas se uniram para darem o golpe de 17 de abril passado, na Câmara dos Deputados, ratificado pelo Senado posteriormente, para derrubar a presidente Dilma. Agora, acontece um racha entre elas. Uma parte dela defende a aprovação de uma lei que garanta a punição de juízes, promotores, delegados e outros agentes públicos que cometam abuso de autoridade. Isso, por ver-se também ameaçada pelos constantes atos ilegais praticados abusivamente por membros do Poder Judiciário e do Ministério Público; numa conjuntura política em que muitos dos seus integrantes são alvos de denúncia de corrupção. Teme que aconteça consigo o que vem acontecendo com o PT, que não conseguiu evitar que, até mesmo, seu líder maior, o ex-presidente Lula, ficasse livre de um claro abuso de autoridade, ao ser preso por um juiz que costuma colocar-se acima da lei. Diz esta ala golpista não ser contra a Lava-Jato e outras operações do tipo, mas que contesta o poder excepcional que certos juízes e membros do Ministério Público atribuem a si mesmos, agindo abusivamente. E conta com apoio da maioria da esquerda que, por questão de princípio, acha que o abuso de autoridade contra quem quer que seja, deve ser condenado, por se tratar de um atentado às liberdades individuais, aos direitos humanos e à própria democracia.

A outra parte da direita golpista tem outro propósito : dar um golpe dentro do golpe, uma espécie de AI-5 dentro do golpe de 2016, inspirada, em grande medida, no que aconteceu no seio do golpe implantado em 64, já em 1968, quando a direita da direita assumiu o controle da ditadura. É o que existe de mais fascista entre os que têm agido contra a democracia e o povo. Liderada, de fato, por Sérgio Moro e membros do Ministério Público, ideólogos de condutas abusivas de autoridades, acima de normas legais, tenta convencer a população, principalmente setores da classe média despolitizada, de que a solução política e econômica que ora enfrenta o país, só é possível por caminho antidemocrático, através de um verdadeiro Estado de Exceção, em que agentes públicos de julgamento, de acusação e policiais devem ter liberdade de agirem como bem entendem, desrespeitando a lei, ou interpretando-a a seu gosto. Um apelo de caráter fascista, chantageando com o sentimento de desespero de boa parte da população, como se deu na Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler e, posteriormente, em outras regiões do mundo, causando as tragédias conhecidas de todos nós. Uma ala direitista que, conscientemente ou não, se inspira nessa irracionalidade de lesa-humanidade, de crime contra a democracia e o nosso povo. Gente que deseja um regime autoritário no país, agora, dirigido por um ditador de toga ou de farda. Não é por acaso, diga-se de passagem, que militantes desse setor, que querem um Sérgio Moro ditador, e os que pretendem um ditador de farda, se juntam em manifestações por um Brasil sem democracia, de volta ao fascismo implantado em 64.

Na verdade, sem confessar, ocultando seu real objetivo, inclusive com apoio da Rede Globo e outros meios de comunicação, sempre comprometidos com golpes, o que anseia esta ala golpista, com esta linha de ação política, é a implantação de um estado policial, um terrorismo de estado, contra a liberdade de o povo lutar por seus direitos e interesses, a fim de implantar um regime autoritário, de que depende uma minoria para assegurar seus privilégios. Acha que a defesa do capitalismo só é viável antidemocraticamente.

Para esta área da direita, o ataque à Constituição Federal e à democracia, que culminou com o golpe que derrubou uma presidente eleita pelo povo, não basta. É preciso ir mais adiante. O que só é possível, a seu ver, se golpistas do Poder Judiciário, de órgãos policiais e do Ministério Público não tiverem de submeter-se a regras legais. É o mesmo setor que apoia abertamente prisões ilegais e policiais que matam trabalhadores na periferia, principalmente da população negra, que reprimem, a todo instante, movimentos estudantis, sindicais e outros movimentos sociais.

É necessária total atenção das forças democráticas. Numa conjuntura em que a grande mídia procura envenenar ideologicamente a população, praticamente, explicitando a ideia de que política é coisa de ladrão, na verdade, tentando fechar as portas para uma saída democrática, o apelo fascista pode tomar corpo. Não nos esqueçamos de que a ala mais fascista da direita, que deu o golpe em 64, ao se tornar hegemônica entre os golpistas, logo tratou de levar às últimas consequências a prática da ditadura, de cometer assassinatos, prisões e torturas contra os opositores do regime.

Assim, é dever de todo democrata lutar contra o golpe de 17 de abril como um todo, mas, com especial atenção, para o que existe de mais fascista entre os golpistas em geral.

A rachadura entre os golpistas pode nos ajudar a derrotar o governo golpista. O que depende – é bom que se diga – da união de todas as forças democráticas e de esquerda, independentemente de determinadas divergências político-ideológicas.

Sem esta união, seríamos derrotados.

Marcelo Fonseca

SENADOR CRISTOVAM : UM TRAIDOR DIFERENTE

07/12/2016

Há, entre os inimigos do povo brasileiro, os que sempre traíram e traem o país. Mas, há os que nem sempre eram traidores, antes estiveram ao lado de forças progressistas e patriotas. Depois aderiram à traição. Entre eles, há um tipo diferente : Cristovam Buarque. Durante o processo golpista no Senado e, até mesmo, já na Câmara, ele fazia todo tipo de manobra verbal, com sofismas e mais sofismas, para proteger sua traição. Dizia estarem certos os dois lados, tantos os que defendiam o impeachment (golpe) contra Dilma, como também os que eram contra, e fingia não ter posição definida. Falava de uma tal necessidade de reflexão sem fim, para, com isso, tentar passar a imagem de que seu voto seria produto da arte de pensar dos sábios. Usava e usa a dialética de um farsante.

Com este ardil, tentava convencer os ingênuos de que participava do golpe, mas não é golpista, de que traía o país, mas não é um traidor.

Veio a votação da PEC 55, para tirar recursos da Saúde e da Educação. O farsante, mais uma vez, com uma das suas : disse ter feito suas tais reflexões do vaivém do certo e errado, que a razão fica lá e cá; dizendo-se perene defensor da Educação, decidiu, depois de sacrificante esforço mental, de busca de uma razão superior, votar na PEC da traição. Votou, tentando provar que trair o povo brasileiro, principalmente a classe trabalhadora, é estar com a lógica do bem.

Vaidoso, considerando-se o sábio-guia do Senado, tentando diferenciar-se dos demais inimigos do povo no Parlamento, na verdade, apenas conseguiu mostrar ser um traidor diferente. Mas, não engana mais a ninguém com sua falsa dialética.

Antônio de Freitas