O Exército Boliviano afirmou oficialmente, em 14 de novembro do ano em curso, que é uma instituição “socialista” e “antiimperialista”, durante celebração do Bicentenário de sua criação – com a presença do presidente Evo Morales.
O comandante do Exército, Antonio Cueto, deixou claro, em ato realizado no Colégio Militar, em La Paz, que as Forças Armadas atuarão com dignidade e soberania. “Nossa contribuição institucional foi fundamental para a construção da Bolívia, especialmente nos momentos de inflexão tanto interna como externa; por isso, nosso Exército ostenta com orgulho a insígnia de fundador da pátria”, disse o comandante – segundo informação da Agência ABI.
Cueto declarou ainda que os soldados estão “comprometidos com o atual processo”, que Morales lidera, que tem como eixo central a nova Constituição, “conscientes que são de sua realidade”.
Em virtude da nova Carta Magna – ressaltou –, o Exército é atualmente uma “instituição socialista, comunitária e, como tal, nos declaramos antiimperialistas”.
“Na Bolívia não deve existir nenhum poder externo que se imponha ao país; queremos e devemos agir com soberania e viver com dignidade”, ressaltou o comandante, afirmando que também é anticapitalista, porque este sistema está destruindo a Mãe Terra, e pediu que se juntem todos os esforços e capacidades para defender o meio ambiente.
Por outra parte, Cueto disse que “a Bolívia é um Estado pacifista, que promove a cultura e o direito à paz”, porém, fez questão de dizer que o Exército preservará o direito legítimo à defesa do território nacional e dos recursos naturais.
“Na preservação da soberania não vamos permitir, sob nenhuma circunstância, a instalação de bases militares de potências estrangeiras em nosso território”, assegurou.
A ALIANÇA REVOLUCIONÁRIA ANTIIMPERIALISTA APÓIA AS DECLARAÇÕES DO COMANDANTE DO EXÉRCITO, ANTONIO CUETO
O discurso do comandante do Exército Nacional, Antonio Cueto, durante a comemoração do Bicentenário de criação do Exército Boliviano, provocou diversas reações. Como era de se esperar, a direita reagiu com toda a sua artilharia verbal contra as declarações de Cueto.
O General Cueto fundamentou suas declarações no papel antiimperialista que teve o Exército Nacional desde1810, quando recorreu à luta armada para derrotar o colonialismo espanhol. Neste aspecto, seguiu o exemplo das rebeliões encabeçadas por Tupak Katari, Bartolina Sisa e outros líderes forjados na luta contra o colonialismo e pela independência nacional.
A Aliança Revolucionária Antiimperialista considera que a posição do General Cueto responde a uma necessária atualização da orientação do Exército e, em geral, das Forças Armadas, num momento em que o país vive importantes mudanças políticas, sociais e econômicas. Deve-se ressaltar que as declarações do Comandante não são improvisadas e sem antecedentes históricos. Já na década de 50 do século XIX, o general Isidoro Belzu defendeu a necessidade de “implantar o comunismo da justiça”. São os pró-imperialistas e usurpadores de terras de ontem e os de hoje os que buscam empanar as páginas históricas progressistas do Exército Boliviano. Também, querem levar ao esquecimento o que foi o governo do general David Toro, que liderou o movimento conhecido como “socialismo militar” e que nacionalizou o petróleo, em 1937, que estava nas mãos da Standard Oil Co., transnacional norte-americana. Pretendem ignorar que foi outro presidente militar, Alfredo Ovando Candía, que, em conjunto com o fundador do Partido Socialista-1, Marcelo Quiroga Santa Cruz, nacionalizou a Gulf Oil Co.
É certo também que as Forças Armadas tiveram membros de posição reacionária, antioperária, genocidas e racistas; que instauraram ditaduras opressoras e entreguistas. Foi contra essas posições, resgatando as tradições progressistas e sua projeção para o futuro, com a superação do capitalismo, que se comemorou o Bicentenário da criação do Exército Nacional.
Por tudo isso, a Aliança Revolucionária Antiimperialista expressa sua satisfação em dar respaldo às afirmações do general Antonio Cueto, em concordância com a orientação do governo de Evo Morales, amparado na Constituição Política do Estado.
Comitê Bolivariano de São Paulo