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AS DUAS DILMAS E O GOLPISMO

08/11/2015

Existem duas Dilmas. A Dilma da política econômica neoliberal – aliada de Kátia de Abreu, de Kassab, de Joaquim Levy – que faz ajuste fiscal, tirando recursos de programas sociais, como da Educação, da Saúde e outros, prejudicando o povo, principalmente a maioria que vive de salários baixos, enfim, dos que nada ou pouco têm. A Dilma de uma taxa de juros que deixa banqueiros em festas. A Dilma que, por tudo isso, se afasta cada vez mais das forças sociais que a elegeram, fazendo a política econômica do candidato derrotado. A Dilma que faz leilões do petróleo, entregando esta estratégica riqueza nacional a empresas estrangeiras. A Dilma que, na prática, age contra a Petrobrás, com a colocação à venda para grupos privados de parte do patrimônio desta empresa, num processo de privatização em pedaços, que se dá também através da redução drástica de seus investimentos, acarretando a perda de milhares de empregos de trabalhadores ocupados, direta e indiretamente, na área da indústria petrolífera. A Dilma que nada faz no sentido de efetuar uma auditoria da dívida pública, preferindo pagar mais de 400 bilhões de reais de juros aos donos de bancos, nossos maiores sanguessugas. A Dilma que, ao invés de tirar dos ricos os recursos para combater a crise econômica, tira mais ainda de uma maioria vítima de uma sociedade profundamente desigual social e economicamente. Não tenho dúvida: não é esta Dilma que as forças de direita querem derrotar, tirá-la do cargo para o qual foi eleita. Entretanto, há uma outra Dilma, não radicalmente diferente da primeira, mas capaz de não aceitar que os Estados Unidos agridam a nossa soberania de nação, espionando a ela própria e ao Brasil, tendo ela, inclusive, suspendido viagem ao Grande Império para reunião com o seu presidente. Uma Dilma que lutou contra a ditadura civil-militar instalada no Brasil, em 1964, pelo retorno da democracia, tendo manifestado sempre seu orgulho deste grande momento de sua vida. Dilma, que criou a Comissão Nacional da Verdade, com o fim de levar ao conhecimento do povo os crimes cometidos por agentes da ditadura contra as forças democráticas e humanistas da nossa sociedade, por meio da prática de prisões, torturas e assassinatos. Dilma, que mantém uma política externa que tem como princípio a defesa da autodeterminação dos povos, independentemente de questões ideológicas e da orientação política de cada governo, opondo-se a caminhos bélicos para a solução de conflitos internos de países, em qualquer parte do mundo, não se alinhando, assim, com a política de agressão a nações implementada pelos Estados Unidos e seus aliados, como as invasões criminosas do Iraque, Afeganistão e Líbia. A Dilma que, ainda que timidamente, opõe-se à retirada de importantes conquistas dos trabalhadores. A Dilma que respeita os caminhos adotados por governos, como o de Chávez, Evo Morales, Correa, voltados para políticas anti-imperialistas, comprometidos com políticas sociais que avancem para a diminuição da desigualdade. A Dilma que, apesar de seu neoliberalismo não publicamente assumido, segue a orientação do governo de Lula de não apoiar a famigerada ALCA, acordo de mercado tipicamente neocolonialista de iniciativa norte-americana. A Dilma que acha que o Brasil deve manter a sua política de relações comerciais e diplomáticas com todos os países do mundo, não se alinhando à política externa de pretensão unipolar estadunidense. A Dilma que se opõe a práticas políticas que expressem ameaça à democracia. A Dilma que é a favor da punição de todos os comprovadamente envolvidos com corrupção, independentemente de partidos de qualquer tipo. Fato que incomoda, não só corruptos de oposição ao seu governo, mas também muitos que a apoiam, no Parlamento ou fora dele. A Dilma contra a qual nada se provou, até o momento, que tenha cometido ato de imoralidade no trato da coisa pública. É esta segunda Dilma que as forças de Direita, neofascistas mais ou menos declaradas, querem derrubar, de qualquer maneira, numa escalada golpista em que estão até mesmo defensores de mais um golpe militar no país, mais um estado terrorista contra o povo, mormente contra a classe trabalhadora, tendo à frente o PSDB, DEM e outros partidos, além de redes de TV e órgãos de imprensa, como os jornais O Estado de São Paulo, a Folha, O Globo e as revistas Veja e outras, contando-se ainda com a possível participação de membros da PF e do próprio Poder Judiciário.

DEFESA DA DEMOCRACIA

Eu não apoio o governo Dilma. Pouca gente a apoia no momento. Mas, façamos a pergunta: fosse ela derrotada pelas forças golpistas, estaríamos ou não diante de uma derrota clara da democracia, das forças democratas? Um democrata pode sentir-se distante do governo Dilma, mas deve sentir-se radicalmente muito mais distante das forças antidemocráticas, golpistas e fascistas. Não nos esqueçamos de que o movimento golpista, em última instância, não visa a Dilma pela Dilma, mas sim à derrota de todas as forças democráticas, atingindo a todos os setores progressistas, socialistas, humanistas e, principalmente, a classe trabalhadora, seu alvo central. Não existe movimento de direita, ou fascista, que não tenha como objetivo principal a destruição da organização, das conquistas econômicas, sociais e políticas da classe trabalhadora. Todos os setores democratas, que apoiam ou não o governo, devem unir-se na defesa da democracia.

Odilon Pereira

GREVE DOS PETROLEIROS, UMA GREVE PATRIÓTICA

08/11/2015

Os petroleiros estão em greve. Uma greve patriótica. Seu objetivo principal é a defesa da Petrobrás, contra seu desmonte, contra os que querem privatizá-la, entregando-a a monopólios privados, mormente estrangeiros, como a Shell, Chevron, Esso e outros. São contra cortes de investimentos da empresa, reduzindo cada vez mais sua capacidade de contribuir para o crescimento econômico. A participação da Petrobrás no PIB nacional já chegou a 13%, propiciando milhões de empregos.

O movimento é também um aviso-resistência a iniciativas de traidores do povo brasileiro e do país que tentam entregar o Pré-Sal a multinacionais dos EUA e de outras potências imperialistas. É uma iniciativa a serviço do Brasil, de sua soberania, produto da consciência de que um país que não é dono de suas riquezas não é livre. Quem não é dono de seu petróleo é colônia. Todos os povos lutam para serem donos desta riqueza.

Percebendo o caráter patriótico deste movimento, sindicatos e outros movimentos sociais se solidarizam com esta luta. Sabem que o que está sob ameaça é a maior empresa do país, conquista do nosso povo em lutas históricas durante a campanha “O Petróleo é Nosso”. Sabem que têm de participar da resistência às traições dos entreguistas, aos lesa-pátria de todos os tipos.

Apoiar esta greve é defender o emprego de milhões de trabalhadores, é defender os interesses do povo brasileiro. Todo patriota deve apoiar esta luta.

Wagner Assunção